Cildo Meireles | Múltiplos Singulares | 19 nov 2019 – 29 fev 2020

Exposição Cildo Meireles | Múltiplos Singulares | 19 nov - 29 fev

Sem expor no Rio de Janeiro há 10 anos e em uma galeria carioca há mais de 30, Cildo Meireles inaugura mostra na Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon. Com curadoria de Paulo Venâncio, a individual traz objetos e gravuras de diferentes formatos e materiais, produzidos ao longo de cinco décadas. Algumas peças são inéditas, recém-saídas do forno, e serão apresentadas ao público pela primeira vez. De importância fundamental na internacionalização da arte brasileira, Cildo é o mais conceituado artista brasileiro na cena contemporânea mundial, com obras no acervo da Tate Modern (Londres, Inglaterra), Centro Georges Pompidou (Paris, França), MoMA (Nova York, EUA), Museu Reina Sofía (Madri, Barcelona), entre outros. A exposição “Múltiplos Singulares” abre dia 19 de novembro, às 19h, com entrada franca, ficando em cartaz até janeiro.

Aos 71 anos de idade, o carioca Cildo Meireles fez sua última retrospectiva no Rio no ano 2000, quando apresentou uma grande mostra no Museu de Arte Moderna. Na exposição da Mul.ti.plo, que vem sendo gestada há dois anos, o público carioca poderá ver de perto um conjunto importante de obras, que lidam com noções da física, da economia e da política, temas recorrentes na obra dele. Entre as 16 peças reunidas, quatro são inéditas e estão sendo produzidas em segredo. As surpresas só serão reveladas no dia da abertura.

“A ideia da mostra se consolidou há dois anos, no meu ateliê, com o Paulo Venâncio, a partir de um objeto criado há décadas que sintetiza a obra-performance ‘Sermão da Montanha: Fiat Lux’, apresentada há exatos 40 anos, em 1979, no Centro Cultural Candido Mendes. Foi uma provocação à ditadura militar, durando apenas 24 horas. Muito pouca gente viu. Desde então, guardo essa maquete e agora, finalmente, concluí o trabalho”, explica o artista. “Eu também já tinha combinado uma exposição na Mul.ti.plo com o meu amigo Maneco Müller”. Sócio da galeria, Maneco dá uma pista de outra obra surpresa da mostra: a participação da locutora Íris Lettieri, cuja voz ecoou por décadas, anunciando as partidas e chegadas no aeroporto do Galeão, no Rio. “Um dia, Cildo me revelou um projeto, concebido nos anos 70, que só poderia ser realizado com a voz única dela. Não perdi tempo. Fui ao encontro de Íris e conseguimos realizar o desejo do Cildo, com a mesma fala impecável e inesquecível”, explica Maneco.

“A exposição apresentará múltiplos de Cildo Meireles, que trazem em si o pensamento das grandes instalações do artista”, explica o curador. Uma delas, por exemplo, tem ligação com “Metros”, trabalho apresentado numa emblemática exposição na Documenta, em Kassel (Alemanha, 2002). “Os objetos e gravuras reunidos exemplificam o pensamento de grandes trabalhos de Cildo, sendo alguns pouco vistos”, diz ele. O público poderá conferir de perto também uma nova edição das notas de “Zero Dólar” (1978-1994).

Considerado um dos artistas mais importantes de sua geração, o premiado Cildo Meireles possui obras no acervo de uma das maiores instâncias de consagração da arte contemporânea do mundo, a Tate Gallery. O artista expôs lá, ao lado de Mark Rothko, em 2008. Obras do artista fazem parte também da Coleção Cisneros (NY, Caracas), do Pérez Art Museum (Miami, EUA), da Fundação Serralves (Lisboa, Portugal), de Inhotim (Brumadinho, Brasil), do MAC (Niterói, Brasil) etc. Com sucessivas participações na Bienal de Veneza (Itália), na Documenta (Kassel, Alemanha), Cildo traz no currículo ainda mostras individuais no MoMA e no Metropolitan, em Nova York. Atualmente, o artista está também com uma grande exposição na capital paulista, que vem lotando o SESC Pompeia. “Para essa individual no Rio, procurei reunir o mais significativo conjunto de múltiplos do Cildo, numa espécie de retrospectiva, de forma que as duas se complementassem”, conclui Paulo Venâncio.

Cildo Meireles (Rio de Janeiro, RJ, 1948)

Inicia seus estudos em arte em 1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea (1921). Começa a realizar desenhos inspirados em máscaras e esculturas africanas. Em 1967, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda por dois meses na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Nesse período, cria a série Espaços Virtuais: Cantos, com 44 projetos, em que explora questões de espaço, desenvolvidas ainda nos trabalhos Volumes Virtuais e Ocupações (ambos de 1968-1969). É um dos fundadores da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1969, na qual leciona até 1970. O caráter político de suas obras revela-se em trabalhos como Tiradentes - Totem-monumento ao Preso Político (1970), Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Coca-cola (1970) e Quem Matou Herzog? (1970). No ano seguinte, viaja para Nova York, onde trabalha na instalação Eureka/Blindhotland, no LP Sal sem Carne (gravado em 1975) e na série Inserções em Circuitos Antropológicos. Após seu retorno ao Brasil, em 1973, passa a criar cenários e figurinos para teatro e cinema e, em 1975, torna-se um dos diretores da revista de arte Malasartes. Desenvolve séries de trabalhos inspirados em papel moeda, como Zero Cruzeiro e Zero Centavo (ambos de 1974-1978) ou Zero Dólar (1978-1994). Em algumas obras, explora questões acerca de unidades de medida do espaço ou do tempo, como em Pão de Metros (1983) ou Fontes (1992). Em 2000, a editora Cosac & Naify lança o livro Cildo Meireles, originalmente publicado, em Londres em 1999, pela Phaidon Press Limited. Participa das Bienais de Veneza, 1976; Paris, 1977; São Paulo, 1981, 1989 e 2010; Sydney, 1992; Istambul, 2003; Liverpool, 2004; Medellín, 2007; e do Mercosul, 1997 e 2007; além da Documenta de Kassel, 1992 e 2002. Tem retrospectivas de sua obra feitas no IVAM Centre del Carme, em Valência, 1995; no The New Museum of Contemporary Art, em Nova York, 1999; na Tate Modern, em Londres, 2008; e no Museum of Fine Arts de Houston, 2009. Recebe, em 2008, o Premio Velázquez de las Artes Plásticas, concedido pelo Ministério de Cultura da Espanha. Em 2009, é lançado o longa-metragem Cildo, sobre sua obra, com direção de Gustavo Moura.

SERVIÇO

Cildo Meireles “Múltiplos Singulares”
Curador: Paulo Venâncio
19 de novembro de 2019 (terça-feira) até 29 de fevereiro 2020
Mul.ti.plo Espaço Arte
Rua Dias Ferreira, 417, sala 206  - Leblon – Rio de Janeiro
Tel.: +55 21 2259-1952